As pesquisas de uma vacina contra o vírus zika devem
iniciar já no primeiro semestre deste ano e podem ser feitas por ao menos três
laboratórios brasileiros, que já buscam parcerias para os testes.
A informação foi dada nesta quarta-feira (13) pelo ministro da Saúde, Marcelo
Castro, após visita à sala nacional de coordenação e controle de ações para
enfrentamento da microcefalia, em Brasília.
Segundo o ministro, três laboratórios brasileiros já articulam cooperações com
órgãos internacionais para realizar pesquisas sobre uma possível imunização
contra o vírus. Entram na lista o Instituto Butantan, Instituto Evandro Chagas,
de Belém, e Bio-Manguinhos, da Fiocruz.
"Eles ainda não estão estudando, mas já estão articulando para começar a
desenvolver. E vamos começar logo", disse. "Se vamos gastar tantos
anos para fazer a vacina, não podemos atrasar nem mais um mês", completou.
Representantes do Ministério da Saúde devem participar de reuniões com os
laboratórios nesta sexta (15) e sábado (16) para discutir o tema. "Estamos
em contato com os laboratórios para desenvolvermos em tempo recorde a vacina
contra a zika. É uma vacina muito mais simples de ser desenvolvida do que a da
dengue. A da dengue envolve [imunização para] quatro sorotipos, e a da zika é
só uma. Mas mesmo sendo mais simples, ainda vamos ter que esperar alguns anos."
Um possível público-alvo para a imunização, segundo Castro, seriam as mulheres
em período fértil, como forma de evitar complicações em bebês que possam ser
decorrentes da infecção pelo zika. Hoje, o governo estuda uma possível relação
entre o vírus e o aumento de casos de microcefalia.
"Não vamos dar vacina para 200 milhões de brasileiros. Vamos dar para as
pessoas em período fértil. E vamos torcer para que antes de entrar no período
fértil que elas peguem a zika, para ficarem imunizadas pelo próprio mosquito.
Aí não precisa da vacina.", disse.
GAFE
O ministro, porém, cometeu uma nova gafe ao dizer que iria "torcer"
para que essas mulheres pegassem zika –o que faria com que a vacina não fosse
necessária.
"Não vamos dar vacina para 200 milhões de brasileiros. Vamos dar para as
pessoas em período fértil. E vamos torcer para que antes de entrar no período
fértil que elas peguem a zika, para ficarem imunizadas pelo próprio mosquito.
Aí não precisa da vacina", disse.
Castro afirmou "ter esperança" de cumprir a meta de que agentes de
endemias e do Exército visitem 100% dos imóveis do país até o fim de janeiro. O
objetivo é realizar inspeções e eliminar criadouros do mosquito Aedes aegypti.
"Hoje, mais de dois terços dos criadouros estão dentro das residências.
Precisamos mobilizar a sociedade porque, sem ela, não vamos ter êxito",
disse.
Outra ação prevista, segundo Castro, é a instalação de telas em caixas de água
e canos de alguns Estados do Nordeste, como o Ceará. "O armazenamento
dessas águas estava sendo um excelente criadouro do mosquito", criticou.